O que nos faltará?

Ontem, pela segunda ou terceira vez esta época, vi um jogo completo de um rival do Sporting, à excepção daqueles que são disputados contra o meu clube.

A verdade é que me levantei do sofá no final do jogo entre Manchester United e porto com uma expressão de total surpresa na cara. Sabendo da superioridade dos ingleses a todos os níveis, teoricamente, nunca esperei que fossem os tripeiros quem fizesse prevalecer a sua vontade de vencer, dominando o jogo em Old Trafford e tendo tido até algum azar em de lá sair com um empate.

Este meu comentário não se baseará com certeza num jogo de um rival, por muito bom que este possa ter sido. Apenas quero reflectir sobre as diferenças entre Sporting e porto, actualmente, e sobre o porquê do sucesso díspar de ambas os clubes, quer nacional quer internacionalmente, no futebol.

Vi ontem, então, um clube português bater-se de igual para igual em casa do actual campeão europeu, demonstrando argumentos para vencer o encontro, e acima de tudo, uma enorme vontade e espírito de equipa para o conseguir. Vi um jogador que há um ano alinhava na 2ª divisão francesa a fazer um jogo fabuloso frente a alguns dos melhores do mundo. Vi um trinco que na época passada andava pela Amadora a travar as iniciativas de Rooney e Ronaldo, por exemplo. Vi, acima de tudo, no que diz respeito à táctica, uma frente de ataque super-móvel, constituída por três jogadores rápidos e com qualidade técnica acima da média para o que se vê em Portugal.

O porto não me merece qualquer respeito. Como instituição, são o que se sabe, têm um presidente associado a práticas de corrupção e penso que o facto de ganharem quase sempre a nível interno, no futebol, contribui para que não goste minimamente do clube.

Só que há um facto indesmentível: neste momento têm uma equipa, construída em 3 anos por um treinador ao qual nem reconheço grandes qualidades, que tem estofo para estas andanças internacionais e que vai dando alegrias aos seus adeptos.

Tal não se pode dizer do Sporting, muito infelizmente. Falta-nos um treinador que não seja um nulo tacticamente. Faltam jogadores de qualidade. Falta uma estrutura sólida, que não deixe transparecer todos os problemas internos do clube. Faltam dirigentes que dediquem mais de uma hora por dia no clube. Falta-nos vontade e espírito vencedor. E muito mais...

Provavelmente não toquei aqui em algumas feridas, que serviriam ainda para realçar a analogia entre o número e a importância das conquistas dos dois clubes nos últimos anos, no futebol. Porque temos que olhar sempre para quem está acima de nós, para evoluir e crescer.

Deixo-vos então a questão que serviu de título a este texto: O que faltará a este Sporting?