sábado, 29 de agosto de 2009

Isto não é o Championship Manager, meus senhores...

«A 27 de Julho jogamos para a Liga dos Campeões e isso tem de ser preparado, isto não é o Championship Manager.»
José Eduardo Bettencourt, 18 de Maio de 2009

O actual presidente do Sporting, aquando a apresentação oficial da sua candidatura, defendeu uma preparação da presente temporada com pés e cabeça. Argumentou que pouco mais de um mês e meio separaria o dia das Eleições, 5 de Junho, e o dia 27 de Julho, em que decorreria o primeiro jogo oficial da época, separando a realidade do videojogo Championship Manager, em que, de uma forma bastante hiperbolizada, quase tudo se pode fazer de um dia para o outro.

Pois bem, também eu, como muitos sportinguistas, aprecio jogos Manager, quanto mais não seja pelo facto de aí pelo menos poder colocar o Sporting a vencer, algo que raramente tem sucedido em tempos recentes.

Algo que o nosso estimado presidente talvez desconheça é que o hábito de alguns dos managers virtuais, quando se deparam com dificuldades no acto de venda de jogadores excedentários, é o de dispensar esses mesmos atletas. Desse modo, poupam no pagamento de salários aos mesmos e... dá-lhes menos trabalho.

A questão é, caro gestor de topo e restante estrutura da SAD, que isto não é Championship ou Football Manager, como o próprio fez questão de referir. Isto é a realidade, é a gestão do Sporting Clube de Portugal e é o seu sucesso que é constantemente colocado em causa devido a atitudes precipitadas, dignas de puros amadores.

Em menos de três meses de mandato, a presente direcção, que para o futebol dá essencialmente a cara pelas pessoas de Pedro Barbosa, Paulo Bento e do próprio presidente, José Eduardo Bettencourt, conseguiu - numa medida que nem aos mais preguiçosos viciados nos videojogos em questão caberia na cabeça - livrar-se de três activos que poderiam gerar receitas aplicáveis no reforço do bastante deficitário plantel de futebol sénior do clube.

Celestino, considerado um jovem com muito potencial, foi dispensado após uma época emprestado ao Estrela da Amadora. Quem aproveitou, no presente, foi o Belenenses, que, quem sabe, irá lucrar um ano depois com a venda do jogador para um dos nossos queridos rivais. 
Romagnoli queria sair. Os três artistas cujo nome começa por B, símbolo da clara incompetência e laxismo que continuam a reinar no clube, fizeram-lhe a vontade e foi provavelmente o pastelão argentino quem acabou por receber o dinheiro que poderia ser destinado ao Sporting, caso não houvesse tanta pressa em despachar um atleta, apenas por este se encontrar descontente.
Hoje foi a vez de Rochemback, na minha opinião, o mais grave dos casos. Recentemente mal-amado em Alvalade, o "gordo" foi alvo do pagamento de um prémio de assinatura de cerca de um milhão de euros, há apenas um ano, e bastou uma mínima pressão do mesmo com o objectivo de rumar ao seu país para que os nossos prestáveis responsáveis, sempre dispostos a satisfazer os desejos de qualquer atleta do clube, o tenham deixado seguir o seu rumo sem qualquer contrapartida financeira imediata.

Por sua vez, por três jogadores que não fizeram parte das contas do seu treinador por dois ou três anos consecutivos, os nossos rivais do Norte conseguiram arrecadar cerca de 10 milhões de euros, durante esta pré-temporada, certamente utilizados para reforçar a sua equipa com reforços de significativa qualidade, em relação ao que se vê por Alvalade.

Penso que nada mais é necessário referir para realçar a incompetência e a colocação de interesses pessoais acima dos do Sporting, por parte de quem se encontra responsável pelo futebol do clube. Afinal de contas, o que mais interessa é fazer do Sporting uma loja em saldos para que todos aqueles com quem Sua Santidade, Bento XVII, conseguiu criar problemas internos ou que simplesmente se encontrem descontentes em Alvalade possam sair, seja por que preço for. O que interessa afinal a situação financeira e desportiva do clube quando colocada ao lado dos interesses pessoais de Paulo Bento?

José Eduardo, acorda, porque isto não é o Championship Manager. Aqui é preciso trabalhar a sério.

2 comentários:

  1. Apesar de também não concordar especialmente com os moldes que têm sido anunciados neste negócio, perante este seu post devo dizer-lhe duas coisas:

    1-Acusações de Gestão Danosa e de privilégio de interesses particulares, podem ser matéria judicial caso alguém o processe por difamação. Suponho que não consiga provar nenhuma dessas coisas.

    2-A frase "isto não é o Championship Manager" também pode ser aplicada à sua visão das coisas. Acredite que no mundo real, os negócios nem sempre são directos, as partes definem pontos de entrada e pontos de saída e há negociações elaboradas. Infelizmente o Championship Manager potencia que toda a gente pense que sabe negociar, mas as coisas não são assim tão simples.

    Não leve a mal esta resposta. Não apreciei esta sua visão deste assunto, no entanto tenho gostado de consultar o seu blog. Continue no bom caminho.

    Saudações Leoninas

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  2. Caro Filipe,

    Obviamente que não levo a mal a resposta, opiniões discutem-se e estamos cá para tal, claro.

    Quanto ao primeiro ponto, confiro-lhe razão na primeira parte, foi algo precipitado da minha parte, daí ter editado ligeiramente essa parte do post, mas quando à segunda parte (interesses pessoais de um funcionário do clube a serem demasiadamente levados em consideração) foi envolvida num parágrafo irónico, em que pretendi destacar outro exemplo de má gestão do plantel do Sporting, através dos inúmeros desentendimentos entre Paulo Bento e alguns dos jogadores do clube. Não era minha intenção que fosse levado a sério.

    No que diz respeito ao segundo, tenho perfeita noção de que nem sempre é fácil negociar e chegar a acordos bilaterais imediatos que satisfaçam todas as partes envolvidas, mas como deve calcular o que mais me preocupa é o Sporting e não os interesses dos atletas nem os dos clubes que os pretendem adquirir. Os moldes do negócio Rochemback, tal como sucedeu no caso de Romagnoli, por exemplo, são muito desfavoráveis ao Sporting. Estamos a falar de cerca de 2,5 milhões de euros que um ou dois anos depois tiveram como retorno zero.

    Rochembackm, tal como Romagnoli, foi um jogador importante no plantel da época passada, independentemente da sua forma física. Como tal, acho impensável que se deixe assim sair um atleta apenas porque este quer jogar mais regularmente, sem qualquer retorno. Caso as propostas não satisfaçam (custo zero ou mesmo um empréstimo não pode satisfazer o Sporting, neste caso) a solução mais lógica, na minha óptica, seria a de cancelar o negócio, manter o jogador integrado no plantel, procurar melhor a sua forma física e esperar que se torne novamente numa opção válida.

    Saudações Leoninas,

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